Ultimamente eu tenho pensado demais sobre… pensar demais.
Esses dias assisti um video de uma garota, onde ela cita o termo “overthinking”. Nunca tinha ouvido isso antes, mas me indentifiquei.
Se traduz literalmente para pensar demasiado. Pensar demais. Ser uma pessoa que pensa muito, essa sou eu.
Eu penso em tudo antes mesmo de acontecer, crio situações alternativas antes de passar por qualquer experiência nova. Nos meus primeiros dias de aula eu sempre vou para a escola pensando como tudo pode dar errado, penso em inúmeras coisas para que aquele seja o pior dia da minha vida. Se ninguém gostar de mim ou todos decidirem me ignorar? Se eu passar a maior vergonha da minha vida?
E por último me vem uma única realidade que tudo dá certo, e eu volto feliz para casa. Vou confessar que de uns tempos para cá eu tenho tentado pensar mais em alternativas boas, mas duvido que as ruins vão acabar tão cedo, mesmo que eu tente muito.
Mesmo quando chega o grande dia e tudo dá certo, repenso cada momento e em como eu poderia ter sido diferente, como eu travei e não respondi uma pessoa com quem eu queria ter uma conversa, ou quando eu neguei participar de algo por medo mas no final eu me arrependi.
Isso tem me consumido a muito tempo, a ansiedade começou a tomar conta de mim. Se uma pessoa normal pensa duas vezes antes de fazer algo, eu penso 50, faço e depois penso que deveria ter feito algo de diferente.
Pensar é normal, mas tudo ao extremo não faz bem. Não é normal lembrar de uma coisa que aconteceu a mais de um ano com olhar de arrependimento, não é como se eu estivesse acabado de terminar um relacionamento ainda amando ou me negado a ajudar alguém à beira da morte, eu só respondi errado a uma conversa.
Não quero continuar mas o meu eu me leva de volta. Ser uma pensadora profissional faz parte de mim, isso me torna mais o eu, mas também o mata. Ele assassina minhas esperanças e me faz enxergar o mundo sem as cores, mata a flor que mora dentro de mim, mas me traz a melancolia que me deixa ver a vida com outra lente.
Como alguém pode entender a si mesmo? Eu gosto do que me mata, o que me mata me traz vida. O overthink me mostrou que a vida pode ser mais simples do que tudo que eu penso, e eu sou incapaz de pensar em algo que vá realmente acontecer, eu sonho muito alto e muito baixo, mas a vida é mediana, e ela é bela dessa forma, até porque eu tenho medo de altura e claustrofobia.
Isso também me tornou mais forte, se algo der errado eu já tinha pensado que isso poderia acontecer, mas quando dá certo eu só continuo vivendo e pensando novamente e novamente. Não tenho medo de dar errado, não vai ser tão ruim quanto meus pensamentos.
O problema está em pensar e não viver.
Se você só pensa em tudo que pode dar errado e tem medo de viver por conta disso, como vai ver que pode dar certo? A vida é mediana, nem tão alta nem tão baixa, vai dar tudo certo. Pensa em não pensar demais e vai para cima, não fica parado, não dê espaço para pensamentos incontroláveis. Tem vezes que o que te mata realmente te mata.
A vida tem que ser vivida, pensar faz parte, e ser um overthink também. A vida é bela, não deixe que um pensamento ruim tire as cores dela. Apenas viva, e se der errado pelo menos você já tem um capacete e uma joelheira embutidos, não vai doer tanto assim.
Viva apenas viva. Pensadores também se dão bem, então pelo menos tente.
- Eululu agradeçe por ler "Overthinking” em Um outro mundo.